segunda-feira, 26 de março de 2012

O RIO MENINO - a ideia

O RIO MENINO é um espetáculo de contação de histórias que tem como meio de intersecção poética das histórias escolhidas, o rio. Os rios brasileiros se tornaram um mapa afetivo no qual buscamos narrativas que emergiram das águas doces brasileiras.
A ideia de levantar histórias tendo o rio como meio de intersecção se deu através da experiência vivenciada pelo coletivo ESTOPÔ BALAIO, desde o ano passado, com os moradores do bairro do extremo leste paulista, o Jardim Romano. O bairro no ano de 2010 sofreu com aquela que seria a pior enchente dos últimos dez anos. Grande parte do bairro ficou submerso por águas que transbordaram do rio que corre perto e do descaso do poder público com a vida da população local. Dessa experiência com os moradores muitos desdobramentos tem se revelado. No caso, os mitos das águas doces brasileiras foram um caminho de encontrar os mistérios presentes nos rios brasileiros, no mundo fantástico que vive na imaginação das comunidades ribeirinhas, nos contos e causos populares que margeiam os rios do Norte, Nordeste e Sudeste, bem como, encontrar a memória infantil do Romano. As crianças do bairro relataram histórias fantásticas de peixes que foram pescados nas ruas, de cobras que apareceram em suas camas, de tetos de carro transformados em jangadas. A imaginação infantil quer dançar e na dureza da vida do Romano, as crianças extrairam da dor a experiência poética com as águas. Vem delas esta inspiração! É para elas que nossas águas correm.
Tiago, Larissa, Luana, Rafaela, Nícolas, Mateus, João Pedro, Carlos, Ícaro, Maycom, Maillom, Cícero, Carol, Licéia, Aprigio, Igor, Wilber, Natália, Bia, Laysa, Mariana, André, Lays, entre tantos e tantos que brincaram na dor e sorriem todos os dias.
Deles surgiu o encontro com o mito xingu da origem dos rios, Iamulumulu; a história da índia Iati que do seu pranto nasce o rio São Francisco, que dele brota as lendas do caboclo d´água e do cabeça de cuia; das águas doce do norte vem a lenda do peixe-boi e do cobra-norato. Uma imaginação que quer dançar, e está sapateando em nossos corpos e pedindo passagem através da narrativa.

Como extrair poesia desta experiência? Como mergulhar nessas águas? Qual a poesia do Jardim Romano? A experiência do encontro com o outro, com a comunidade e o compartilhamento da vida se tornaram o aprendizado maior desta empreitada de vida e arte.





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